Um detento revelou tudo o que teve que suportar na prisão de Guantánamo

Há 12 anos, Mohamedou Ould Slahi está preso no Campo de Detenção da Baía de Guantánamo, sem ter sido condenado, já que não foram apresentadas nem sequer acusações formais contra ele. Ele foi detido na Mauritânia, acusado de ser membro da Al Qaeda, líder de uma célula canadense e até mesmo de ter recrutado alguns dos responsáveis pelo atentado às Torres Gêmeas em 2001.

Após ser transferido para a Jordânia e, em seguida, ao Afeganistão, Slahi finalmente chegou a Guantánamo, onde passou 12 anos de sua vida. Em 2005, começou a enviar suas memórias à sua advogada. Muitas delas são as que foram publicadas agora, embora muitas tenham sido censuradas pelo governo norte-americano. “Foram necessários muitos anos para conseguirmos divulgar o diário. Muitas partes foram ocultas e outras editadas. Não queriam que as pessoas soubessem o que ele escrevia”, afirmou Linda Moreno, advogada de Slahi.

Em seu relato, o prisioneiro conta que só tinha direito a um colchão fino em uma cela suja e fria e que não tinha acesso nem sequer a um creme dental. Além disso, Salhi disse que o fizeram engolir água salgada, o torturaram reiteradas vezes e chegaram até a fazê-lo acreditar que ia morrer. Seu irmão Yahdih afirmou que lhe disseram que tinham detido sua mãe e lhe insinuaram que ela seria estuprada nessa mesma prisão.

“Ele foi torturado física e psicologicamente, mas a tortura psicológica é pior, porque fica entranhada por mais tempo e o afetou de verdade”, declarou Yahdih. Slahi continua preso e incomunicável, junto com outros 122 detentos, na prisão de segurança máxima, embora Barack Obama tenha anunciado várias vezes que ela seria fechada em definitivo.

FONTE: www.bbc.com
IMAGEM: Rommel Canlas; Shutterstock